Passados sete anos desde a sua criação, a Escola de Infantes e Cadetes é, indubitavelmente, um caso de sucesso no país. Neste momento, são cerca de 70 as crianças e os adolescentes que já ‘vestem a farda’ de bombeiro e mostram o quão grande é a sua vontade de um dia honrar o lema ‘vida por vida’.

Uma coisa é ouvir falar, outra coisa é ver com os próprios olhos e sentir de perto a envolvência dos cerca de 70 infantes e cadetes, de ambos os sexos e oriundos das várias freguesias do concelho, que dão vida ao projeto idealizado, há sete anos, por Ana Margarida Moreira e que, hoje, é um caso de sucesso em Portugal.

No passado dia 02 de junho, a nossa reportagem foi ao encontro da Escola de Infantes e Cadetes (EIC) da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis (AHBVOA), ficando rendida a estas crianças e a estes adolescentes/jovens, com idades compreendidas entre os 08 e os 17 anos, que já ‘vestem a farda’ de bombeiro e mostram o quão grande é a sua vontade de um dia honrar o lema ‘vida por vida’.

Encontrámo-los no Parque Temático Molinológico de Ul, onde, no âmbito da ‘Semana da Criança’, promovida pela Câmara Municipal, os mais novos simulavam imobilizações em plano duro e os mais velhos treinavam a ordem unida para, depois, virem a integrar as formaturas.

Tratou-se de mais uma atividade fora de portas – entenda-se fora do antigo quartel, no qual funciona a EIC, todos os sábados, entre as 09h00 e as 12h00 e, em situações excecionais, também aos domingos – que, como disse a coordenadora, ‘deixa todos muito empolgados’, Mas além desta iniciativa, existem outras em que, desde a sua criação, têm vindo a participar e que a responsável fez questão de dar a conhecer, nomeadamente a criação do símbolo da Escola de Infantes e Cadetes, várias visitas (CDOS de Aveiro, Helipista de Vale de Cambra, etc.), intercâmbios, desfiles do Dia Nacional do Bombeiro, procissões religiosas como, por exemplo, na Procissão do Triunfo, nas Festas em Honra de N.ª Sr.ª de La Salette, acampamentos, aniversário da EIC, entre outras.

Ao longo do ano letivo, que começa em outubro e termina em julho, com um acampamento na Serra da Freita (Arouca), são diversos os temas abordados – técnicas de socorrismo e de desencarceramento, incêndios urbanos, industriais e florestais, dinâmicas de grupo, preparação física, discussão de temáticas da atualidade (exemplo: bullying) -, mediante a realização de trabalhos de grupo, sessões teóricas e práticas, visitas de estudo, criação de cartazes e panfletos.

‘Pioneira’, no distrito

Após discussão na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Oliveira de Azeméis (CPCJOA) do tema ‘abandono escolar’, a Escola de Infantes e Cadetes surgiu em 2005, como estratégia para combater esta problemática, pela mão da bombeira Ana Margarida Moreira, que, na altura, juntamente com o comandante, ia às reuniões da CPCJOA em representação da AHBVOA.

Com este inédito projeto no distrito, procurava-se, além de diminuir os casos de abandono escolar, promover o gosto de ser bombeiro, bem como o espírito de cidadania e a competição saudável; integrar socialmente; incutir conceitos como autoestima, decisões e consequências, pressão de pares, direitos e deveres, tolerância e solidariedade, liderança, etc..

Aveiro será mesmo o distrito com mais escolas de infantes e cadetes do país, tendo a oliveirense sido ‘pioneira’ , ‘Já vieram cá vários corpos de bombeiros para ver como trabalhávamos’ , afirmou, desta feita, Marco dos Santos.

Quer para este monitor, quer para a mentora, a ‘Escola de Infantes e Cadetes é a nossa imagem de marca’, ‘é a nossa menina dos olhos’.

20 bombeiros vindos da Escola de Infantes e Cadetes

Criada a 01 de abril de 2005, a Escola de Infantes e Cadetes começou com cerca de 20 crianças e adolescentes/jovens, com idades entre os 12 e os 15 anos. Desde então, houve quem tenha desistido; contudo, são mais aqueles que permanecem, alguns desde o primeiro ano de funcionamento da EIC, com o intuito de serem ‘soldados da paz’ e há até quem já o seja.

Aliás, segundo nos adiantaram Ana Margarida Moreira e Marco dos Santos, perto de 20 antigos infantes e cadetes compõem o actual corpo ativo da AHBVOA. Isto depois de, também, terem frequentado a Escola de Estagiários.

E por falar em dados numéricos, no presente ano lectivo, a EIC conta com 69 infantes e cadetes, distribuídos por quatro turmas (Turma A – dos 08 aos 10 anos; Turma B – 11 aos 12 anos; Turma C – 13 aos 14 anos; Turma D – 15 aos 17 anos), sob a orientação de 15 monitores.

Curiosamente, “não temos falta de ‘alunos’”, referiram, dando nota ainda que as dificuldades se verificam, antes, aos níveis de número de monitores, fardas e espaço, que começam a ser escassos para tamanha procura.

(Gisélia Nunes – Correio de Azeméis, 05 de Junho de 2012)

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